5.11.12

Artista francesa Gasediel recria quadros mais famosos da arte ocidental com "pinceladas" de grafite

 
 “A  liberdade guiando o povo”, de Gasediel e a obra original de Delacroix

A Galeria Hoc Die Design apresenta, entre 8 a 17 de novembro, a mostra DESVI’ART da francesa Gasediel, onde ela reinterpreta alguns dos quadros mais famosos de todos os tempos, entre eles obras universais como “A liberdade guiando o povo”, de Delacroix, “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, “As Meninas”, de Velásquez, “A moça do brinco de pérola”, de Vermeer, e ainda, “O almoço na grama”, de Manet e “O nascimento de Vênus”, de Bouguereau, entre outros. Porém, em suas versões, a artista propõe uma nova ordem para as telas, trazendo os personagens e elementos clássicos para uma atmosfera urbana, que faz conexão com o universo do grafite, marca registrada do trabalho de Gasediel. Ao todo são dez obras, nas quais a artista utiliza óleo, acrílico e spray.

DESVI’ART diverte e seduz seu público, que reconhece os grandes mestres da pintura mixados com ícones modernos e provocativos da arte de rua de São Paulo, como o porco e as misses de Ozi e, ainda, os arabescos de Zezão. Também está lá o colorido vibrante do Beco do Batman, na Vila Madalena, considerada a principal referência do movimento do grafite em São Paulo. O lugar surge como cenário do quadro “Olympia”, demonstrando que o antigo e o novo podem sobreviver juntos e criar encontros memoráveis. Mas espírito andarilho de Gasediel eterniza igualmente os rostos misteriosos da francesa Miss Van, grafiteira de Toulouse, na França, e do britânico Bansky.


 
 A “Olympia” de Gasediel traz o Beco do Batman ao fundo e o porco do grafiteiro Ozi (à esq). À direita, a obra original de Manet

E nada é aleatório. Cada composição tem um por quê. “Fiz um estudo profundo da história de cada quadro e a partir da compreensão das intenções do autor, apresento minha releitura”, afirma Gasediel. “Coloco em questão aspectos intransigentes e caóticos, típicos da esfera urbana”, finaliza.

No caso da “Odalisca”, realizada a partir do original de Ingres -- pintor que idealizou o nu feminino --, um dos arabescos em azul intenso de Zezão aparece como uma “tatuagem” nas costas da personagem central do quadro. Não por acaso, o desenho sinuoso desce do alto das costas até o ânus da odalisca, como uma alusão às galerias de esgoto do cenário paulistano onde o grafiteiro costuma pintar suas obras. Como não poderia deixar de ser, a releitura da artista é provocativa e nada idealizada.

Já em “A moça com brinco de pérola”, Gasediel imagina que a protagonista talvez seja uma pessoa atormentada por monstros e pesadelos, o que desconstruiria a imagem de pureza e inocência do quadro original. Já em “O nascimento de Vênus”, a artista retrata a si mesma no centro de elementos determinantes de sua vida.

Mostra: DESVI’ART 
De 8 de novembro a 17 de novembro
Artista: Gasediel
De segunda à sexta, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 18h
Onde: Hoc Die Design (Rua Dr. Peixoto Gomide, 1887, Jardins – São Paulo, SP). Telefone: 11.3088.6141

Sobre a artista Gasediel:
Nascida em Nantes, em janeiro de 1969. Aos 35 anos, depois de dez anos trabalhando no Bâtiment et les Travaux Publics (Departamento de Construção e Obras Públicas, da França), apos 3 encontros decisivos, ela entrevê a possibilidade de se consagrar a algo que sempre lhe parecera impossível. Pintar. Pintar, primeiramente em muros, suportes onde ela cria seus próprios universos. Prudente, ela se concentra em decorações contemporâneas, gráficas e estéticas. Em 2006, ela segue o curso completo de «Peintre en Décor» (Pintar em Decoração) da Escola de Arte Mural de Versailles, na França, com uma ótica de cunho profissional. Um ano mais tarde, juntamente com dois alunos da Escola, ela se instala em um atelier em Versailles. A partir das decorações murais, a artista começa a trabalhar as matérias, os efeitos. Ela experimenta, então, a sua criatividade por meio das diferentes técnicas adquiridas. Passa cada vez mais tempo entre telas, papéis, papelões e madeira. Ela se libera. Ela ousa. “Descomplexada do pincel”, como gosta de descrever a si mesma, lança-se então, no trabalho de luzes e sombras. Em seguida, avança, rompe suas próprias barreiras, para ousar os « trompe l’oeil » (ilusão de óptica) contemporâneos. As temáticas associadas à rua, ao mundo industrial, às descobertas com o pincel de Klasen, interpelam. A partir daí, decide pintar sob o pseudônimo de Gasediel.

Verão de 2008, a artista é projetada no universo citadino, brutal, metálico desta que é uma megalópole mundial – São Paulo. Seu trabalho muda, torna-se maduro... o óleo, o acrílico, a colagem, o spray, tudo serve de pretexto para sua arte. A artista se inspira na arte das ruas paulistanas e em pichações dos grafiteiros famosos da cidade. Sua última exposição, PIX'ART, em maio 2011, na IQ Art Gallery apresenta esses poderosos grafites, símbolos essenciais da cidade.

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