16.2.12

Paulistano pode visitar palacete centenário nos Campos Elíseos que reunia os modernistas

Casarão tombado, hoje sede do Grupo Tejofran, recebia Mario de Andrade e outros artistas e intelectuais; público pode agendar horário para visitação

Em meio à comemoração pelos 90 anos da Semana de Arte Moderna, o paulistano ainda encontra alguns recantos históricos que fizeram parte daquela revolução ditada pelos intelectuais da época.

Este é o caso do palacete construído em 1911 para ser a residência do industrial Valdomiro Pinto Alves, nos Campos Elíseos. O casarão tombado, hoje sede do Grupo Tejofran, recebia em seu salão Mario de Andrade, Murilo Mendes, Gilberto de Andrade e Silva e Tácito e Guilherme de Almeida, entre outros escritores.

A escada inteiramente de mármore, a sala de visitas e de música, a clarabóia com vitrais rebuscados e outros detalhes originais que serviram de cenário para os saraus dos modernistas ainda estão lá, totalmente preservados, e podem ser conhecidos por meio do programa de visitação que a Tejofran mantém para o publico interessado, por meio de agendamento prévio.

Muitos desses saraus foram realizados na sala de jantar do imóvel, um amplo e confortável espaço, com pé direito mais alto e iluminação natural proporcionada por vitrais de John Gras, onde aconteciam as grandes reuniões, bailes, recepções e demais festividades oferecidas pelos aristocratas.

Além da ebulição modernista, o casarão foi testemunha da revolução de 1924, quando foi alvejado por tiros, o que motivou a instalação de um cofre no porão para bens valiosos. Em outra revolução, a de 1932, uma cozinheira mulata, conhecida na tropa por Maria Soldado, viajou ao interior para angariar combatentes e acabou levando-os à residência, que funcionou como uma espécie de quartel dos revolucionários.

O casarão possui diversos quartos, dos quais um era de uso exclusivo do casal proprietário, um para as moças e outro para os idosos, todos com lavatórios. Mantendo as tradições da época, havia quartos privativos e separados para troca de roupa dos donos da casa.

A mansão foi construída entre os anos de 1911 e 1912, com elementos típicos do estilo art nouveau que predominava à época, como os grandes halls com pé direito alto. As características originais da fachada são preservadas, e a residência mantém espelhos trabalhados e lustres de cristal biseauté. Em quase dois mil metros quadrados de terreno, a casa foi construída em meio a jardins que possuíam chalés e estufas, pomar, canteiros e jabuticabeiras.


O projeto é de Carlos Ekman, sueco que viveu no Brasil e assinou construções para as elites paulistanas, o mesmo arquiteto que desenhou a casa da FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na Rua Maranhão. Ekman era seguidor da escola chamada “Secessão Vienense”, uma espécie de art nouveau menos ornamentado que o francês e inglês.

O imóvel é tombado como patrimônio histórico pelo COMPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo. Segundo o Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico da cidade de São Paulo o imóvel é definido como exemplar edifício residencial unifamiliar de alvenaria.


Serviço:

Visitação à Casa Tombada Alameda Nothmann
Horário de visitação: A partir das 14h
Endereço: Rua Guaianases, 1128, esquina com a Alameda Nothmann, Centro

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